quinta-feira, 23 de junho de 2016

Pássaro livre


Acho que estou livre de você. Finalmente.

Tantas noites sem dormir, tantos dias sem comer, tantos meses sem te ver, mas agora eu acho que finalmente consegui.

Libertei- o da minha mente onde você esteve aprisionado por tanto tempo. Derramei aquela última lágrima apenas para deixar o mais lindo dos sorrisos secá-la como o sol seca as poças de água após uma longa chuva. Chuva essa que embalou todo o nosso amor.

Éramos tão felizes durante aqueles beijos roubados debaixo da garoa de fim de tarde. Você segurando minha cintura, eu abraçando seu pescoço. Éramos só nós três: eu, você e a chuva. E nada mais. Nada de mundo, nada de provas, compromissos, dever de casa ou qualquer outra coisa para encher a cabeça. Apenas nós e mais nada.

Mas como a chuva, um dia tudo isso acabou. Eu estava lá te esperando, mas você nunca chegou. Foi então que eu descobri que tudo não passou de mais uma ilusão. Fui pega novamente pelos meus próprios pensamentos e enganada cruelmente pela minha própria cabeça. Foi quando a ficha finalmente caiu e eu pude enxergar com clareza: não era eu te beijando na chuva, era ela. Eu estava me enganando o tempo todo.

Nossa história de amor, tudo que eu um dia sonhei, que eu achei que era real, era mentira. E a culpa era minha, só minha. Você não sabia meu nome. Nós nunca nos falamos. Não era eu que você abraçava quando estava contente. Não era eu que você beijava na chuva.

Foi difícil te esquecer, mas eu consegui. Travei uma batalha com a minha mente travessa, menina versus menina, e consegui apagar cada memória feliz que eu criei de você. Agora você é uma ficha em branco no meu cérebro que eu nunca preenchi.

No fundo, isso foi como limpar a memória do celular. Estou apenas criando espaço para novas fotos, novas memórias e, melhor ainda, para histórias reais.

Júlia Mello

Search

Postagens populares

Twitter

Translate this page